Sim, porque de plágio também sobrevive o Ana Banana, fica aqui um artigo publicado pelo conhecido Gato Fedorento, Ricardo Araújo Pereira, que eu, sem pré-aviso, fiz o tradicional "copy-paste" de um outro blog que, por sua vez, teve a sua parte na arte de plagiar a crónica, suponho eu, directamente da revista Visão. (sim, porque ele(a) também pode ter copiado de outro blog!)
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Aliás, na minha opinião o "copy-paste" é, sem sobra de dúvida, o melhor comando informático alguma vez criado. Chego mesmo a afirmar que o Bill Gates primeiro criou o "copy-paste" e, a partir daí, desenvolveu toda a teia informática que conhecemos hoje. Mas a ideia inicial, básica e genuína era: "Tenho que criar algo que dê para eu plagiar o trabalho do meu colega, sem ter que estar a escrever essa treta toda de novo." Mas não vamos falar disso agora. Isso vai ficar para futuras reflexões.
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Tenho que admitir uma coisa: Os Gatos Fedorentos são um fenómeno nacional (português - vamos deixar claro, porque o meu irmão não achou muita graça neles), todos assistem, todos comentam e todos adoram. Mas não é a primeira, nem segunda, nem terceira vez que eu ligo a televisão para ver o programa, e sou obrigada a mudar de canal devido a alguns episódios sem sentido e completamente monótonos que eles apresentam.
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A última vez que isso aconteceu, eu estava vendo um episódio onde eles queriam mostrar o constrangimento das chamadas "conversas de elevador".
Sim, todos nós concordamos que é constrangedor aquela conversa: "Boa tarde. O tempo parece que vai melhorar... Eu vi umas nuvenzinhas, mas acho que não vai chover..." Mas eles não tinham necessidade nenhuma de ficarem com essa conversa meteorológica mais chata do mundo por 15 minutos s.e.g.u.i.d.o.s!!!
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Na minha opinião, se formos contabilizar direitinho, de 5 capítulos inteiros e ininterruptos deles, só dá para aproveitar 10 minutos. (e eles ganham uma fortuna por isso...)
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Vou deixar de conversa e colocar aqui a crónica... :P
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Os problemas dos clientes do IKEA começam no nome da loja.
Diz-se "Iqueia" ou "I quê à"? E é "o" IKEA ou "a" IKEA?
São ambiguidades que me deixam indisposto. Não saber a pronúncia correcta do nome da loja em que me encontro inquieta-me. E desconhecer o género a que pertence gera em mim uma insegurança que me inferioriza perante os funcionários. Receio que eles percebam, pelo meu comportamento, que julgo estar no "I quê à", quando, para eles, é evidente que estou na "Iqueia".
As dificuldades, porém, não são apenas semânticas mas também conceptuais. Toda a gente está convencida de que o IKEA vende móveis baratos, o que não é exactamente verdadeiro.
O IKEA vende pilhas de tábuas e molhos de parafusos que, se tudo correr bem e Deus ajudar, depois de algum esforço hão-de transformar-se em móveis baratos. É uma espécie de Lego para adultos.
Não digo que os móveis do IKEA não sejam baratos. O que digo é que não são móveis. Na altura em que os compramos, são um puzzle. A questão, portanto, é saber se o IKEA vende móveis baratos ou puzzles caros.
Há dias, comprei no IKEA um móvel chamado Besta. Achei que combinava bem com a minha personalidade. Todo o material de que eu precisava e que tinha de levar até à caixa de pagamento pesava seiscentos quilos. Percebi melhor o nome do móvel. É preciso vir ao IKEA com uma besta de carga para carregar a tralha toda até à registadora. Este é um dos meus conselhos aos clientes do IKEA: não vá para lá sem duas ou três mulas. Eu alombei com a meia tonelada. O que poupei nos móveis, gastei no ortopedista. Neste momento, tenho doze estantes e três hérnias.
É claro que há aspectos positivos: as tábuas já vêm cortadas, o que é melhor do que nada. O IKEA não obriga os clientes a irem para a floresta cortar as árvores, embora por vezes se sinta que não faltará muito para que isso aconteça. Num futuro próximo, é possível que, ao comprar um móvel, o cliente receba um machado, um serrote e um mapa de determinado bosque na Suécia onde o IKEA tem dois ou três carvalhos debaixo de olho que considera terem potencial para se transformarem numa mesa-de-cabeceira engraçada.
Por outro lado, há problemas de solução difícil. Os móveis que comprei chegaram a casa em duas vezes. A equipa que trouxe a primeira parte já não estava lá para montar a segunda, e a equipa que trouxe a segunda recusou-se a mexer no trabalho que tinha sido iniciado pela primeira. Resultado: o cliente pagou dois transportes e duas montagens eficou com um móvel incompleto. Se fosse um cliente qualquer, eu não me importaria. Mas como sou eu, aborrece-me um bocadinho. Numa loja que vende tudo às peças (que, por acaso, até encaixam bem umas nas outras) acaba por ser irónico que o serviço de transporte não encaixe bem no serviço de montagem. Idiossincrasias do comércio moderno.
Que fazer, então? Cada cliente terá o seu modo de reagir. O meu é este: para a próxima, pago com um cheque todo cortado aos bocadinhos e junto um rolo de fita gomada e um livro de instruções. Entrego metade dos confetti num dia e a outra metade no outro. E os suecos que montem tudo, se quiserem receber.
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Ricardo Araújo Pereira in Boca do Inferno/Visão